Pobre, não. Modesto.
Pare de chamar de "pobre" quem tem seu próprio sustento: é hora de corrigir esse erro corriqueiro.
É comum encontrar um uso ampliado e impreciso da palavra pobre. Essa generalização do termo gera confusão conceitual e prejudica a análise correta das condições reais de vida da população. Por isso, é necessário retomar o significado objetivo da palavra.
Etimologicamente, “pobre” deriva do latim pauper, e refere-se àquele que carece dos recursos essenciais à sobrevivência. Em termos práticos, trata-se da pessoa que não tem acesso a alimentos de forma regular e segura, nem a uma moradia mínima. Esse é o sentido correto e tradicional do termo: pobreza implica privação severa, não apenas um padrão baixo de consumo.
No entanto, no discurso atual, passou-se a chamar de “pobre” qualquer pessoa que tenha uma renda modesta ou que pertença às camadas mais simples do mercado de trabalho, ainda que possua emprego, moradia e alimentação.
Essa ampliação do conceito distorce a realidade, por isso, é importante estabelecer a distinção entre dois grupos distintos:
1. Pessoas pobres: pessoas que efetivamente não têm onde morar e/ou não têm o que comer. Estas vivem em situação de extrema vulnerabilidade.
2. Pessoas modestas – pessoas com rendas baixas e padrão de vida simples, mas que vivem da própria renda, sustentam suas famílias, tem moradia (seja própria ou alugada) e se alimentam regularmente. Essas pessoas não são pobres no sentido essencial da palavra. São cidadãos produtivos com vida simples, porém digna, ainda que sem luxo.
A confusão entre esses dois grupos não é apenas um erro conceitual, mas também tem implicações políticas. Ao ampliar o conceito de pobreza para incluir a maioria das pessoas de renda modesta, cria-se uma falsa percepção de miséria generalizada. Essa estratégia serve a interesses ideológicos e políticos, pois constrói artificialmente uma imagem de fracasso sistêmico da economia de mercado e justifica intervenções estatais amplas e permanentes. Contudo, essa visão não corresponde à realidade da maioria das cidades modernas onde as pessoas vivem, trabalham e consomem diariamente.
Além disso, é importante esclarecer outro ponto muitas vezes distorcido: boa parte das pessoas que vivem hoje nas ruas, particularmente nos centros urbanos, não o fazem exclusivamente por falta de recursos financeiros. Muitos desses casos estão ligados ao uso problemático de drogas e álcool, o que torna a situação mais complexa do que uma simples questão de pobreza. Tratar todos os moradores de rua como vítimas de exclusão econômica ignora as causas multifatoriais que envolvem saúde mental, vício, abandono e escolhas pessoais.
Portanto, é fundamental resgatar o uso preciso e objetivo dos termos. Nesse sentido, só é pobre quem não tem o que comer ou onde morar por motivos alheios a sua vontade de trabalhar. Por sua vez, quem trabalha, tem seu ganho e consegue manter seu próprio sustento, mesmo que em um padrão simples, deve ser classificado como "modesto".
Essa distinção não é apenas semântica — ela é essencial para trazer a luz os significados precisos, bem como corrigir os erros analíticos sobre a sociedade. Além do que, o uso correto dos termos permite escapar das armadilhas marxistas que distorcem a descrição da realidade com propósito de alimentar a sua narrativa ideológica.
Prof. Celso Garcia.
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